terça-feira, 13 de julho de 2010

uma música no ar...

Depois de ter escrito este post, bem sei que foram muitos os surpreendidos de me encontrarem naquele terreno baldio ali em Algés no final da semana passada. Pois bem, venho aqui repôr justiça nos factos, para não me chamarem troca-tintas, fala-barato, e outras coisas piores. Assim sendo, começo por argumentar que a minha relação com o Optimus Alive estava por um fio, qual relação entre duas pessoas que já não se querem, que as diferenças entre eles estão de tal forma vincadas que não há volta a dar e que é praticamente assumido que o melhor mesmo é ir cada um para o seu lado antes que a coisa se torne ainda mais inconveniente. E ao escrever o tal post citado acima já estava mesmo com a cabeça feita que não havia nada a fazer. No entanto, aconteceu uma coisa que me fez pensar dar uma última oportunidade à relação -  ter encontrado dois bilhetes de 3 dias à venda na fnac na 4ª feira, dia 7 de Julho (sim, na véspera do início da coisa). Tomei como um sinal, e impondo-me a mim mesmo 2 condições mínimas - ter que chegar a horas de ver os Local Natives e não ir lá no dia 9 - anudi em ir passar umas horas no tal terreno baldio.
Suspeitei que a coisa podia não resultar logo cedo, quando faltavam 15 minutos para começar o concerto dos Local Natives e a fila para trocar pulseiras teimava em não andar - a Optimus não me parecia disposta a fazer qualquer tipo de esforço. Cheguei 10 minutos atrasado, mas rapidamente esqueci isso, porque deram um excelente concerto, bem animado e com a tranquilidade que se deseja, uma vez que mesmo estando em festival ainda só se encontravam na tenda cerca de 200/300 pessoas. Logo se seguiu mais um animado concerto dos The Drums, com a sua surf pop e toques de Joy Division e Cure que em nada é original mas permite movimentar o corpo de acordo com o ritmo. Devendra também deu um excelente concerto para uma pessoa como eu que pouco conhece, tendo me dado bastante vontade o ir descobrir melhor. Até aqui, tudo perfeito para o que eu quero - bons concertos de bandas que pouca gente conhece e concertos que me fazem querer descobrir mais da banda. Até já me tinha esquecido do episódio das pulseiras (apesar dos relatórios da "frente da batalha" não serem nada animadores) e dei por mim a pensar que afinal havia luz ao fundo do túnel, que nem tudo estava perdido. Talvez apercebendo-se disso, a Optimus decidiu dar sinais que a coisa não ia ser bonita - abriu as portas ao histerismo de uma tal Florence e uma máquina cópia barata da Kate Bush que me fez fugir do palco secundário, e quando tentei voltar para espreitar um bocadinho os xx que tocavam a seguir já era impossível de o fazer. Ouviu-se um bocadinho lá do fundo da tenda, viu-se pouco ou nada, mas do que se viu a coisa também não estava a ser por aí além, pelo que rumámos ao palco principal para ver os Faith No More (ah, só agora me lembrei que ainda perdi para aí 15 min com Alice in Chains e 5 com Kasabian e foi o suficiente - atrocidade meterem Alice in Chains sem o Layne e Kasabian foi giro em 2004...). O entusiasmo para Faith No More era relativo, não esperava mais do que o que tinham feito o ano passado no Sudoeste e a meu ver não fizeram. Ainda é o mesmo espectáculo, com a mesma base, variando aqui e ali numas músicas e ainda para mais tinham um público menos conhecedor do seu trabalho do que os que foram até ao Sudoeste o ano passado, o que também ajuda a criar a aura num concerto. O público do Optimus é um público da moda, que vai ver as bandas da moda (a tal florence, os tais xx e conhecem apenas o Easy e o Epic e pronto e mais acrescentarei sobre isto quando falar dos Pearl Jam) e acho que não souberam aproveitar bem o animal de palco que é o Mike Patton. Fim de dia. 
Dia 10 - sábado - chegada cedo para evitar confusão e para ver os Girls que desiludiram, acho que podiam ter dado mais energia ao seu bom Album. Mas logo a seguir tivémos um excelente concerto - os Sean Riley & The Slowriders marcaram muitos pontos na sua caderneta, mandaram cá para fora toda a energia que tinham e conquistaram-me definitivamente - arrisco dizer que são a melhor banda portuguesa de rock da actualidade. Muito bom concerto, com comunicação com o público espontânea, improvisação nas músicas, troca de posições dos músicos e um final apoteótico. Não me lembro agora o que mais havia entre o final deste concerto e o início dos Pearl Jam, mas andámos ali para trás e para a frente e nada do que ouvi e vi me convenceu, pelo que a opção passou por ir logo lá para o meio em Gogol Bordello e esperar que acabasse para dar vez aos Pearl Jam. (concerto de gogol morno comparativamente com o de há 2 anos, parece-me que mantêm a fórmula sem o importante impacto inicial). E então veio o momento de ruptura final com o festival Optimus Alive, servido da forma mais fria que me podiam ter feito e que acho, sinceramente, não merecia - os Pearl Jam versão greatest hits. Isto é o pior que me podem fazer - obrigarem-me a ficar no meio de uma multidão que só sabe cantar os Alive's, Betterman's, Daughter's, Wishlist's, Given To Fly's e ainda para mais sabe de cor os mais recentes enjôos The Fixer e Just Breathe. Às tantas cheguei a pensar que até o Last Kiss poderia ser tocado, num desespero tal de agradar aos fãs da Rádio Comercial que me deixou deveras desiludido. E não me venham com a conversa de que isto é festival e eles tocaram para público de festival - isso para mim é bullshit. Uma banda íntegra não faz variar o seu set por ser um festival ou não! Toca as músicas que mais lhes apetece neste momento e não vai lá pelo fácil. Isto foi para mim uma total rejeição de uma veia punk, suja, com garra que são o que eu aprecio nos Pearl Jam e que sei que eles têm. Agora estou é na dúvida que se pode tornar reveladora (ou não) - serão afinal de contas estas as músicas que eles mais gostam? Ou só tocaram mesmo para agradar o público? De qualquer das formas, o meu amor incondicional sai ferido e a perda é irreparável. Não sei que efeitos futuros terá, mas não há dúvidas que os senhores da Optimus acolheram a minha tentativa de salvar as coisas com requintes de maldade, e no final quem saiu mais magoado desta quebra de relação fui eu. Há sempre alguém que fica pior, certo?

PS.1 - James Murphy deu um bom concerto. Mas apanhou-me numa fase de mágoa e foi portanto apenas uma forma de alívio fugaz.

PS.2 - Optimus 2010 foi a confirmação que ultrapassou Sudoeste no festival mais social do país. A maioria das pessoas que lá andavam não faziam puto ideia das bandas que tocavam mas foram, porque interessa é ir para ter conversa com os amigos, se digo que não fui até me olham de lado, por isso toma lá 90€ ou 50€, preço a pagar para ser considerado uma pessoa fixe.

3 comentários:

  1. Concordo TOTALMENTE! Fico especialmente triste qdo se vêem setlists à séria para outros países e aqui vieram num último concerto for a long, long time..e é isto...Será da idade? será do cansaço da tour? não acredito que sejam as músicas que mais gostam de tocar..

    O mais triste é dar por mim a pensar que perante um setlist deste se calhar o problema é mesmo meu e talvez não goste tanto de PJ como achava....

    Ouvir pessoas dizerem que foi "o" concerto da vida... o melhor de sempre..enfim. Emotivo foi..será sempre, ver uma banda que nos acompanhou durante anos e anos deixar o futuro demasiado em aberto...dá um certo arrepio! De resto...fiquem lá com as blacks, Betterman's, nothiman's e mais todas as BALADAS do raio... PJ não é isso, mas tudo tocado de enxurrada parece que pouco é mais para além disso..

    (fica no entanto a ressalva para a glorified G e o improviso ;) ..e a reverência à voz deste senhor que é brutal - embora tenha sido mal aproveitada neste "show" :P)

    E sim alice n chains sem staley, a alma da banda.. é absurdo, ainda para mais qdo ouço "ai e tal o DuVall tem uma voz igualzinha" portanto queremos sósias a perdurar uma banda?

    LCD foi mto bom!fez-me vibrar quando todos os ossos do meu corpo pediam clemência! Mike patton é mesmo um Sr. Animal EM palco e apesar de repetir exactamente a mesma fórmula, dá mesmo gozo vê-lo a "enlouquecer" no palco :)

    e pronto aqui me calo que este comentário já vai longo!

    ResponderEliminar
  2. Por acaso como começou com a release achava que nao ia seguir esse caminho mas rapidamente começou a dar os greateast hits! thumbs up para a release e para a in hiding! de restou pouco mais se aproveita

    ResponderEliminar
  3. Tens razão em tudo o que dizes. Eu confesso que nunca tinha ido a este festival, e não o fiz por estar na moda ou ser socialmente bem visto, fi-lo porque tive essa oportunidade agora e não antes.
    A sensação que tive, e até porque estava com pessoas que já estiveram outras vezes neste e noutros festivais, é que, à medida que o tempo passa e vamos ficando mais velhos, somos mais exigentes com o que vemos e com as condições que nos proporcionam.
    Parece que quem organiza alguma coisa nunca está preocupado em manter a fidelidade dos clientes habituais, mas sim cativar novos. Terás certamente encontrado grupos de miúdos que nem as bandas novas, quanto mais as velhas, conheciam, mas que vibravam no meio da multidão, aos pulos, enfrascados em litros de cerveja, que no fundo é o que os motiva a estar ali.
    Da minha parte, passei uns momentos mais agradáveis que outros, não tive tempo para ouvir tudo o que queria, mas fiquei com vontade de conhecer mais e, só por isso, já valeu a pena.

    ResponderEliminar