quinta-feira, 4 de novembro de 2010

um olhar...

... debruçado sobre este artigo muito interessante que encontrei no Público com uma teoria que a meu ver faz sentido - o facto de a Internet estar a mudar a forma como o nosso cérebro funciona. Segundo alguns neurologistas, as coisas estão a complicar-se para os amantes da leitura. A Internet, a rápida e veloz Internet faz com que o nível de concentração elevada numa só tarefa tenda a desaparecer, à medida que nos vamos habituando a dividi-la:

"A leitura e a escrita são uma invenção e cada cérebro tem um circuito próprio, único, inventado pela linguagem em que essa pessoa lê, que é diferente consoante seja hebreu, chinês, coreano ou inglês", explica ao telefone Maryanne Wolf. "Esse circuito é diferente consoante a qualidade da aprendizagem. Se muita da leitura é feita online, num meio tão cheio de distracções como a Internet, a qualidade da leitura é afectada."Se passa grande parte do seu dia a trabalhar na Internet, a responder às solicitações típicas do online: refrescar o Twitter para seguir as actualizações das pessoas e sites que se acompanham, comunicar com os seus amigos no Facebook, responder às mensagens que lhe vão chegando na sua caixa de correio electrónico, enquanto escreve um texto, vê as notícias, vê um vídeo no YouTube, faz uma pesquisa... Se esse é o seu dia típico, perceberá talvez o que Carr quer dizer quando chama à Internet, "por concepção, um sistema de interrupções, uma máquina que funciona à base de dividir a atenção" de quem a utiliza."

Tenho sentido isto de uma forma assustadora, tenho tido grandes dificuldades em chegar à concentração desejada para ler um livro, há um esforço que tem que ser feito que dantes não era tão evidente. Ao mesmo tempo que vos escrevo este post, já respondi a 3 mails, adicionei 2 items ao meu carrinho de compras na amazon, adicionei 2 álbuns ao iTunes e distraí-me a avançar com o meu trabalho no excel. Isto diz tudo sobre a minha forma trabalhar, sempre atento a várias bolas ao mesmo tempo a ver se nenhuma cai ao chão, qual malabarista de circo. E penso que o mesmo se passa a nível da música, em que hoje saltitamos de banda e banda e não deixamos nenhuma dela amadurecer como merece.

Deixo abaixo mais algumas partes, mas leiam o artigo todo (link outra vez), se o vosso cérebro com certeza já afectado pela Internet vos permitir concentração até ao fim. Eu admito que não consegui ler todo de enfiada...

"Quando a quantidade de informação, o número de decisões que temos de tomar, todo o tipo de solicitações a que está sujeito o nosso sistema cognitivo se torna demasiado - como o proverbial copo que se encheu demasiado e começa a transbordar -, deixamos de conseguir reter informação, de conseguir fazer ligações entre os dados que já guardámos na nossa memória de longo de prazo. A nossa capacidade de compreensão torna-se superficial, deixamos de conseguir manter-nos atentos e focados. Transformamo-nos nas criaturas superficiais, saltitando de informação em informação, sem guardar nenhuma, sem relacionar as coisas entre si - navegamos, aborrecidos, como quando andamos pela Internet à procura de uma novidade que nos entretenha."

"A evolução programou-nos para corrermos sempre de um estímulo para o próximo, para querermos sempre mais. Isso acaba por ser contraproducente", diz Maryanne Wolf."

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