um olhar...

Acho que a maioria de vocês sabe, e os que não sabem ficam a saber, sou um tipo que não tenho muito afecto por publicidade. Sinto que o nosso mundo passaria bem sem publicidade. Sinto que as empresas investem, ou melhor dizendo, gastam (porque investir suscita a ideia de virem a recuperar desse investimento e não é isso que quero dizer) tanto dinheiro em publicidade de uma forma displicente e irresponsável. Sinto que as marcas nos querem convencer que têm valores, quando no fundo só querem é vender mais e mais. Sinto que com estas afirmações os meus amigos trabalhadores de agências publicitárias vão comer-me vivo. Pois bem que me temperem com sal e limão antes, mas vou dizer o que tenho a dizer. E o que tenho a dizer é que no meio deste mundo fútil que é o da publicidade, houve um fenómeno que me deixa todos os dias a pensar Como é possível? O fenómeno que vos falo é o do aparecimento da rúcula.

A rúcula não era ninguém há dois anos atrás. Ninguém lhe pegava. Era motivo de gozo entre vegetais ser rúcula. Provavelmente era arrancada do chão tal como qualquer erva daninha e incinerada antes que se percebesse que o solo poderia estar amaldiçoado pelo crescimento de rúcula no mesmo. Em pouco menos de 2 anos tudo mudou. Alguém, que não sei o nome, mas se alguém souber que partilhe, lembrou-se que a rúcula ficava bem na salada. De certo começou por convencer a senhora sua mãe, a sua mulher e aos poucos a coisa foi pegando. E hoje em dia, num abrir e fechar de olhos, não há no mundo salada que se preze que não leve essa folha que passou anos na sombra da alface, do agrião e de todos os outros vegetais. Até na pizza se lembraram de meter rúcula. Há restaurantes que se chamam Rúcula. Uma panóplia de eventos em que a rúcula está sempre presente. O marketing por detrás desta verdura foi brilhante. Há que reconhecê-lo. A rúcula está em todo o lado. O que me irrita sobremaneira, porque detesto rúcula.